sábado, 22 de fevereiro de 2014

Nós, os perversos defensores de marginais

[Brilhante anotação do jornalista Gilberto Dimenstein]

Numa sequência de horrores, vídeos mostrando cenas de vingança contra marginais são compartilhadas na rede -- e com os aplausos ou aceitação silenciosa dos espectadores, sentindo-se mais protegidos.

Para a maioria da população (imensa maioria, diga-se), quem se dispõe a defender essas criaturas é porque perversamente está de algum jeito conivente com os delinquentes. E contra os honestos cidadãos.

Faço parte há muitos anos da tribo acusada de defensor de marginais.

Parte da mídia acaba embalando esse discurso socialmente idiota.

Não se está defendendo o marginal. O que se defende é uma sociedade que não use a violência para resolver conflitos.

Isso porque em sociedades violentas todos (a começar dos cidadãos honestos) saem perdendo, já que a porrada vira a regra. Ficamos reféns da barbárie cotidiana.

Policiais brutais e violentos tendem a gerar marginais ainda mais violentos.

Tão simples -- e tão difícil de entender.

Importante dizer é o seguinte: a reação popular é compreensível, refletindo uma insegurança generalizada.

Desde o final da década de 1980 tenho escrito e feito reportagens sobre a violência contra as crianças, advertindo que só iria piorar quando ficassem adultas.

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