sábado, 15 de outubro de 2011

Professores

Neste Dia dos Professores, resolvi homenageá-los com um pouco de humor e diversão. Aqui vai minha singela e "poética" homenagem a eles:

PROFESSORES

Já tive professores de todas as cores,
De várias idades, de muitos humores.
Prá uns até certo tempo dediquei.
Com outros apenas um pouco estudei.

Já tive professores do tipo exibido,
Do tipo acanhado, do tipo vivido.
Casado, carente, solteiro, feliz.
Divorciado, de vários estados civis

Professores cabeça e desequilibrados.
Professores confusos, de guerra e de paz,
Mas todos eles me trazem lembranças
Ao olhar pra trás.

Procurei nos meus professores a felicidade,
Às vezes encontrei, outras fiquei só na vontade.
Hoje reconheço que foi sempre assim.

Eles são parte da minha vida, com simplicidade.
Ajudaram a construir a minha identidade.
E habitam na memória que está viva em mim.

João David C. Mendonça
[Espero que Martinho da Vila não fique brabo comigo...]

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Idade da razão...

Uma historinha de consultório pra mostrar a diferença entre o que se diz e que se entende:

- Sabia que eu vou fazer 7 anos?
- Que legal! e o que vai ter de diferente agora, que ainda não tinha quando você tinha 6?
- A minha vó falou que 7 anos é a idade da razão!
- É mesmo? Ensina pra mim como é essa idade da razão..
- É assim [olhando pra mãe]: agora, tudo que eu falar, eu vou ter sempre razão...


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pai, quer brincar comigo?

Veja se reconhece essa cena: você compra um presente caro pro seu filho. Ele abre o pacote, tira o brinquedo, e vai brincar com a caixa de embalagem. Ele não gostou do brinquedo? Você escolheu errado? Não necessariamente. Ele apenas está tentando lhe dizer que o sistema de valores de uma criança é diferente do adulto. Para ele, muitas vezes, mais do que o produto que ele acabou de ganhar, o que ele está valorizando mesmo é o ato de brincar. Aí a gente vê as crianças largando seus brinquedos caros para brincar com tampas de panela, vasilhas velhas, garrafas de plástico vazias.

Outra cena comum a quem tem criança em casa. Intervalo do desenho na TV, surgem as propagandas de helicópteros que voam sozinhos, bonecas que falam, cantam e dançam, carrinhos super velozes, e a criança nos comunicando: “eu quero esse”. Nova propaganda, mais um “eu quero esse”. Outra propaganda, “mãe, me dá um desse?”. Mais uma, “pai, eu quero esse”. Um dia ainda quero aproveitar meu tempo ocioso anotando quantos minutos de publicidade cabem dentro de um canal infantil de televisão.

Nada contra os brinquedos – vou avisando desde já. Além de uma boa livraria, o lugar em que mais gosto de passear é uma loja de brinquedos. Apesar dos meus quarenta e poucos anos, ainda fico fascinado pelos jogos, bonecos, carrinhos e tantas outras maravilhas que a gente encontra por lá.

E nada contra dar brinquedos a uma criança. Ao contrário, há poucas sensações no mundo comparáveis ao prazer de ver as reações de uma criança ao receber um presente. Quem gosta de crianças adora ver a alegria delas neste momento, e se alegra junto com ela.

Mas voltemos à primeira cena, e a mensagem que ela nos traz: o ato de brincar é mais importante do que o brinquedo em si. Nós adultos precisamos aprender isto com as crianças. Mais do que um brinquedo, a criança deseja brincar. Especialmente brincar com as pessoas que são significativas para ela.

Sim, é importante que a criança desenvolva também sua capacidade de brincar sozinha, como forma de exercitar sua imaginação e criatividade. Do mesmo modo, brincar com amigos é uma maneira de aprimorar suas habilidades sociais. Porém, brincar com os pais também é essencial para o processo de desenvolvimento emocional e psicológico da criança.

Se conselho fosse útil e eu pudesse dar algum para os pais, eu diria: brinque com seu filho. Independente do tipo de brinquedo que você dará às suas crianças, brinque com elas. Brincar é um modo de conectar-se com o filho, de conhecê-lo, e de valorizá-lo. Participe de uma perseguição a seres extraterrestres, leve soco na barriga numa luta intergaláctica, more com seu filho numa incrível caverna feita com lençol, enfim, libere a sua imaginação... e aproveite o Dia das Crianças tanto quanto elas. E nos outros dias do ano, continue considerando a brincadeira como uma coisa muito séria entre você e seu filho.

[Coluna de outubro na Revista Estação Aeroporto]

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Diante de uma criança

Poema de Carlos Drummond de Andrade. Com ilustrações caseiras.


Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual

vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?









Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?

Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?









Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?

E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?









Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?

Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.









Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.