sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Estudo: um amigo legal ou um mala sem alça?

Ano passado eu fui convidado a fazer uma conversa com um grupo de pré-adolescentes de uma escola municipal em Florianópolis.
O objetivo era tentar ajudar a moçada a pensar sobre a sua relação com os estudos.
Compartilho aqui os slides que serviram como roteiro para a conversa.



O aluno apenas frequenta a escola. O estudante vai além disso









Quem conhece a biblioteca da escola? e a da cidade?



Finalizando com uma pergunta do Estudo pra galera...

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ampliar para não reduzir

Lamento que o debate sobre a redução da maioridade fique concentrado ora nos aspectos jurídicos, ora na discussão sobre a qualidade das unidades prisionais, ou ainda no raso discurso de que “se teve idade pra fazer, tem idade pra ser preso”.

É uma pena que algumas dimensões significativas vem sendo negligenciadas, a saber, os aspectos psicológicos envolvidos na adolescência, os efeitos nocivos de um encarceramento no período da formação da personalidade e construção da identidade, e os reflexos destes efeitos sobre a Sociedade a longo prazo, incluindo o aumento da violência ao invés de seu abrandamento.

Seria muito interessante se pudéssemos conversar sobre o que significa o desenvolvimento psico-social de uma pessoa e os estágios necessários para o seu desenvolvimento, incluindo a infância e a adolescência, cada qual com características inerentes à sua fase. E cada qual com suas limitações psicológicas - e cerebrais - próprias de sua identidade ainda não completamente desenvolvida.

Observar estas dimensões não implica estimular a impunidade para os delitos cometidos por um adolescente. Ao contrário, já há em nossa legislação punição prevista para crianças a partir de 12 anos, através de medidas sócio-educativas coerentes com cada estágio psico-social do indivíduo, que buscam acima de tudo a ressocialização e reconfiguração de seu modo de estar no mundo e na sociedade.

Portanto, não consigo me identificar com discursos que não tratem com profundidade estes aspectos negligenciados. Afinal, este não é um debate restrito à área jurídica, policial ou política. Ao contrário, é um debate que fica muito empobrecido se você não considerar as contribuições da Psicologia, da Antropologia, da Pedagogia e da Sociologia - podemos ainda acrescentar outros territórios de conhecimento, como a Psiquiatria e a Hebiatria (medicina da adolescência).

Quando não se tem conhecimento da complexidade do tema, a tendência é ficar apenas replicando as idéias de lugar comum, repetindo frases prontas que não dão conta de toda a abrangência que o assunto requer. Aí ficamos reféns das opiniões formadas pelas capas da Veja ou pelos posts sensacionalistas do Facebook.

Ampliar o debate, ampliar a mente, ampliar a reflexão. Não reduzir a maioridade.

João David C. Mendonça

Psicólogo terapeuta de família

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Parecidos mas nem tanto...

Uma das características da Igreja cristã nas suas origens era a sua capacidade de agregar pessoas e “cair na graça de todo o povo” - expressão usada pelo autor do livro de Atos.
A comunhão, o partir do pão, o compartilhamento de bens, a disciplina da oração e da troca de idéias, eram práticas que chamavam a atenção da população porque a experiência desta fé trazia em si a manifestação do amor de Deus, do respeito ao outro. Era a comunidade da fé celebrando valores como a generosidade, a justiça, a humanidade.
Como reflexo deste modo de viver evangélico, a igreja crescia diariamente, com mais pessoas desejando vivenciar esta experiência que se apresentava como uma alternativa a um modo de viver desconectado de Deus e das pessoas.
Nesta mesma época, estas pessoas que se envolveram afetivamente com a mensagem do Evangelho e passaram a se reunir para celebrar a fé centrada em Cristo, começaram a ser chamadas pelo povo de “cristãos”, porque “se pareciam com Cristo”.
Entretanto, hoje, quando vemos pastores “evangélicos” vociferando ódio contra os diferentes, quando vemos políticos “evangélicos” querendo transformar o país em pátio da sua igreja, quando vemos líderes “evangélicos” desrespeitando a crença alheia, quando vemos gente que frequenta igreja desejar o mal a nordestinos ou defender pena de morte, só nos resta concluir que estes “cristãos evangélicos” de hoje estão cada vez mais longe de serem chamados de “parecidos com Cristo”.
Quando a sociedade olha para estas atitudes, tudo que ela deseja é ficar distante deste “evangelho”.
Difícil dizer isto, mas estamos chegando numa época em que o maior obstáculo à mensagem do Evangelho tem sido a atuação dos próprios evangélicos.

sábado, 4 de abril de 2015

Lamentável comentário sobre a Depressão


Como psicólogo clínico, minha rotina nos últimos 13 anos tem sido a de atender pessoas com os mais variados sofrimentos psíquicos.

Assim como eu, muitos psicólogos, psiquiatras e outros colegas da área da saúde exercemos nossa profissão com um cuidado e uma postura de profundo respeito para com aqueles que estão buscando ajuda para superar seus dilemas, dores e sofrimentos.

Trabalhar com pessoas oprimidas pela Depressão é também um de nossos ofícios. Convivemos diariamente com muito sofrimento, angústias existenciais, identidades desfiguradas, histórias saturadas de tragédias, e riscos iminentes de suicídio. 

Cada passo dado por estas pessoas é celebrado como um avanço. Cada dia vivido por elas é festejado como uma vitória sobre a doença, e também sobre o estigma social com o qual elas tem que lidar enquanto ainda estão sob o domínio deste “Demônio do Meio Dia”. 

A pessoa que está em tratamento da Depressão está vivenciando um delicado - mas acima de tudo corajoso - trabalho de reconstrução da identidade, de re-escritura de vida, de reconfiguração da maneira de se relacionar com o mundo e consigo mesmo.

No dia 30/03/2015, estas pessoas foram brutalmente agredidas pelo comentarista do SBT-SC, senhor Luiz Carlos Prates, que ao tentar fingir-se de entendido no assunto, proferiu uma avalanche de asneiras, grosserias, desinformações e preconceitos a respeito da Depressão e das pessoas que são tiranizadas pela força desta doença.

[A bem da verdade, eu só vi o comentário no dia seguinte pela internet, pois não tenho o costume de assistir ao SBT - uma emissora que tem Raquel Sheherazade como musa não recebe mesmo a minha atenção. Sabia que o senhor Prates havia sido demitido da RBS, mas não sabia que ele agora estava despejando sua bizarra retórica pelas bandas do SBT-SC]

Para quem conhece de perto o empenho das pessoas que lutam com a Depressão, é muito triste ver um comentário tão equivocado, repleto de preconceitos e clichês. 

É lamentável saber que tal comentário foi feito por alguém que diz possuir formação em Psicologia, o que em tese deveria ter-lhe proporcionado o mínimo de noção sobre as doenças da mente.

E o mais importante, é incalculável o efeito que uma fala deste tipo pode ter na vida das pessoas envolvidas neste conflito psicológico. Impossível mensurar os danos causados a alguém que está sob a influência da Depressão, quando ele ouve que é “um deprimido porque é um frustrado”, ou outras das tantas idéias estúpidas que saíram da boca do comentarista nesta desastrosa "análise".

Diante disso, pergunto-me: qual é a posição da diretoria do SBT-SC a respeito deste grave caso de injúria e desinformação?

Estou aqui aguardando alguma retratação do senhor Prates, pelo enorme desrespeito com que foram tratados todos os que vivenciam a terrível doença da Depressão.

Estou aqui aguardando alguma matéria jornalística séria sobre Depressão, que seja veiculada pelo SBT-SC no horário do comentário deste senhor, durante alguns dias, como forma de tentar amenizar o estrago feito pelo absurdo comentário do dia 30. 

Estou aqui aguardando um pedido de desculpas do próprio SBT-SC, lamentando profundamente o ocorrido, e anunciando providências para que este tipo de situação ultrajante não venha a ocorrer novamente. Quem sabe, uma destas providências poderia ser mandar o senhor Prates repetir, na íntegra, o curso de Psicologia. 

João David Cavallazzi Mendonça
Psicólogo CRP 12/03702
Florianópolis - SC


quarta-feira, 25 de março de 2015

Sim, eles crescem

Outubro / 2009
Sim, eles crescem
Por isso estar com eles é tão importante.
O passeio de bike,
O jogo de futebol,
A lutinha em cima da cama,
O picolé que lambuza a roupa,
O colo para ver o Papai Noel de perto.

Outubro / 2011
Sim, eles crescem
Por isso o tempo com eles é tão valioso.
A leitura de um gibi antes de dormir,
A conversa animada cheia de perguntas,
A caminhada no parque,
A fila de carrinhos de ferro no chão da sala.

Março / 2013
Sim, eles crescem
Por isso estar perto deles é essencial.
A presença na escola,
A encenação da primeira peça de Natal,
A comemoração do gol do nosso time,
O abraço cuidadoso na hora do joelho ralado.

Outubro / 2013

Sim, eles crescem
É tudo tão efêmero, tão veloz, tão breve.
Cada momento é um presente que o Tempo nos oferece,
Para em seguida transformá-lo em passado.

Novembro / 2013

Nossa vida marcada pela existência deles.
A vida deles marcada pela nossa presença.
Marcas que o Tempo jamais conseguirá apagar.

Maio / 2014

Março / 2015



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Sobre este blog

Com o crescimento das redes sociais, as atualizações neste blog começaram a ficar mais escassas.
Não tenho a intenção de descontinuar este espaço, pois ainda pretendo utilizá-lo para publicação de textos mais longos.
Entretanto, tem sido mais prático fazer as postagens breves através do Facebook e do Twitter.
Se você considerar interessante, pode me adicionar nestas duas redes.
Abaixo, seguem os links:

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