domingo, 5 de junho de 2016

Criança não aprende apanhando

Quando uma criança recebe uma palmada, seu cérebro percebe este ato como uma experiência de perigo, e reage de acordo com esta percepção. E esta experiência coloca a sua mente em um estado em que não se consegue aprender nada. 

A criança apenas reage de acordo com a mensagem que recebe: mudar o seu comportamento negativo. Ela obedece o comando cerebral imediatamente, o que gera a ilusão por parte dos pais de que a palmada “resolveu o problema”. 

Mas como é um comportamento reativo e não elaborado cognitivamente (pois o ato violento da palmada 'desligou' o seu sistema límbico, que seria o centro emocional que ‘aciona’ a aprendizagem e compreensão), ela na verdade não aprendeu nada. 

Repetirá o comportamento em breve, despertando a fúria dos pais, que respondem com mais agressão, o que desliga novamente a capacidade de aprendizagem da criança, entrando assim numa rota retro alimentadora da violência que gera cansaço e desesperança em ambos os lados: nos pais que concluem que a criança está merecendo apanhar porque insiste em lhes provocar, e na criança que, sem entender, conclui que os pais não a amam porque insistem em lhe bater.

E instala-se aqui uma sucessão sistemática de medo, raiva e ressentimento entre pais e filhos.

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