Perplexidade
O momento era de perplexidade.
Aos poucos ia se espalhando a notícia da prisão ocorrida no Getsêmani,
fruto da traição de um companheiro de caminhada. “Trinta moedas” foi o valor da
propina.
Talvez alguns pensassem que logo seria desfeito o provável engano e
Jesus voltaria rapidamente ao convívio de seus discípulos.
Mas a perplexidade aumentou.
Julgado injustamente, foi condenado à morte pelos Juízes da época e pelo
populacho que, numa manobra demagógica do governador da Judéia, bradou preferindo
a libertação de um salteador e assassino.
Perplexas, as pessoas viram seu líder, portador de uma mensagem de paz e
mudança de vida, ser humilhado pelas ruas da cidade enquanto carregava uma
insuportável cruz.
Sem acreditar no que viam, seus seguidores ficaram mudos e assustados
diante do ódio que emanava de seus difamadores, que iam acompanhando o cruel
cortejo com um prazer sanguinário nos olhos e uma mórbida alegria que só aos
doentes de espírito está reservada.
Alguns de seus seguidores ainda conseguiram ter forças para presenciar a
última cena, a crucificação. O ato final que mataria não apenas o condenado,
mas toda a esperança de dias melhores.
Perplexos, retornaram desolados a seus lares, sem imaginar que o que acabaram
de ver ainda não era a derradeira cena.
Decorridos três dias, aos poucos uma nova notícia ia se espalhando pela
cidade: o túmulo está vazio; a Esperança está viva e fortalecida. Jesus está
vivo! A Semente incômoda que tentaram exterminar brotou novamente com toda sua
beleza e vigor.
A perplexidade mudou de lado. A partir daquele dia, o mundo das trevas ficaria
perplexo diante da força da Vida e da certeza de que não há poder que resista muito
tempo ao poder da Esperança.
E a Boa Nova continua a alcançar todas as seguintes gerações, para a
perplexidade dos que insistem em tentar eliminá-la.
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