A violência física têm também um efeito sobre a autoimagem. A cada
palmada que uma criança recebe, ela entende uma mensagem embutida:
"você faz errado", "seu valor está baseado no que você faz ou
deixa de fazer, e não no que você é". A criança aprende que para não
apanhar, ou para não decepcionar os pais, ela tem que suprir as expectativas
depositadas sobre ela. O que obviamente é uma tarefa impossível para uma criança. O
resultado disso é que ela passa a não gostar de si mesma, pois percebe que por
mais que tente, não consegue alcançar o grau de excelência imaginado por ela,
que lhe daria a aceitação plena por parte dos pais.
Além de
tudo isto, a prática da palmada exerce um forte efeito sobre a formação da
identidade da criança. A noção de "quem sou eu" é influenciada também
pela relação que a criança estabelece com seus cuidadores. Quando os seus
feitos são avaliados em termos de "apanhar" ou "não
apanhar", esta identidade vai sendo construída sobre um terreno de ameaças
e de inseguranças, de desconfianças de suas capacidades e habilidades,
de temores de não conseguir agradar ou suprir as expectativas.
Eis aí um solo fértil para o desenvolvimento de um adulto que terá dificuldades para acreditar em suas próprias potencialidades.
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